“De passagem”

Outro dia perguntei ao carteiro que bate à minha porta sempre no mesmo dia e horário para entregar minhas correspondências se ele não se importava em mudar um pouquinho a hora daquela entrega. Ficaria mais conveniente pra mim, argumentei. Com a simplicidade do trabalhador que ganha a vida de sol quente a sol escaldante, respondeu, “Infelizmentente não, moço; tenho uma rota a cumprir, e o horário de passar por aqui é esse. Desculpe.”
O carteiro estava certo, ponderei mais tarde. O ofício em que labuta é movido por um constante senso de urgência. Ali dentro da bolsa pesada que carrega a tiracolo quilômetros por dia, mais que cartas, estão recados, cobranças, esperanças, frustrações, alívios, e preocupações de muitos destinatários. A entrega a estes não pode esperar.
Em missões, de uma forma ou de outra, nós, cristãos, devemos nos olhar como ´carteiros´. Nossa incumbência é entregar a boa nova – a que Jesus salva – a um mundo de gente. Mas além de carteiros, somos carta também.  Carta de Cristo, escrita não com tinta, mas com o espírito do Deus vivo (2 Cor 3:3).
E tal qual a miscelânea de itens que o carteiro leva naquela bolsa pesada – cartas, cartões, envelopes de todas as cores e modelos –  o trabalho missionário, tem muitas formas. Uns partem para a estrada para plantar igrejas; outros para servir igrejas; alguns para usar dons, talentos e habilidades profissionais em instituições que promovem o espalhar do evangelho por meio da mídia, ajuda humanitária, programas sociais, etc.  A forma não importa, desde que a missão seja colocada em prática a toda hora. Nas palavras de Assis, “Pregue o Evangelho em todo tempo. Se necessário, use palavras.”
Nós, carteiros e carta, estamos de passagem. Batamos de porta em porta. Sob sol ou chuva, entreguemos o recado ao longo do caminho. A tempo e fora de tempo (2 Tim 4:2).  Assim estaremos cumprindo a mais importante missão deixada pelo mestre, “Ide por todo mundo pregai o Evangelho a toda a criatura. Esse é o modo de fazermos do nosso oficio o melhor passatempo, não deixar que a monotonia nos envolva ao ponto de atrazarmos as Correspondências.
O carteiro em seu senso de responsabilidade fica preocupado ao ponto de não querer atrazar, haja vista a seriedade e compromentimento com os destinatários, e nós em relação a mensagem do evangelho como nos sentiremos se atrazarmos o recado do nosso mestre? Julgo mais importante nossa missão que a do carteiro, pois enquanto este se alegra em dar prazer aos clientes pela pontualidade nas cartas e recados, nós seremos muito mais impactados de alegria ao ver a mensagem de Cristo chegar na hora certa e resgatar a alma que se apresentava fadada ao abismo.
Daí porque nossa urgência  é infinitamente maior, pois nossa mensagem salva vidas para o reino de Deus. ————–
**Pr. José Carlos dos Santos é tesoureiro da CEADEMA. E-mail: [email protected]