A análise cuidadosa das duas formas verbais empregadas por Cristo no texto da Grande Comissão muito pode nos ensinar acerca da postura esperada por ele da parte dos destinatários do Ide.
A primeira lição que podemos extrair de tais verbos diz respeito ao modo em que eles estão expressos, ou seja, o modo imperativo, modalidade verbal empregada quando se deseja expressar uma ordem. O uso de tal modo verbal dá à Grande Comissão um caráter de ordem expressa, o que significa dizer que diante do Ide do Divino Mestre um cristão verdadeiro não tem outra alternativa a não ser acatar a ordem e procurar executá-la da forma mais rápida e eficiente possível. Tal qual acontece em muitas outras determinações divinas ao longo das páginas sagradas, não há aqui qualquer margem de negociação, ou seja, diante do Ide todo cristão só pode assumir duas posturas, diametralmente opostas e mutuamente excludentes: a obediência ou a desobediência.
Outra mensagem expressa por meio do modo em que os verbos estão expressos diz respeito aos destinatários da ordem, ou seja, às pessoas que Cristo tinha em mente quando pronunciou tal ordenança. As formas verbais “ide” e “pregai” tem como referente a segunda pessoa do plural (vós) e trazem consigo duas idéias, ambas corretas e que se complementam, a saber: a) ao empregar as formas “ide” e “pregai” o Salvador nos ensina que a realização do Ide não é tarefa de grupos ou de pessoas específicas dentro da igreja, mas de todos os salvos e b) para que possa cumprir cabalmente a Grande Comissão todo o povo de Deus deve se unir, pois dificilmente uma pessoa, um grupo ou mesmo uma igreja poderiam fazê-lo de forma isolada. Aliás, uma das maiores preocupações expressas por Cristo, principalmente nos seus últimos ensinamentos, é exatamente com a união dos membros do seu corpo. Ele deixa bem patente a necessidade de nos mantermos unidos, trabalhando pelos mesmos propósitos, falando e fazendo as mesmas coisas, compartilhando os mesmos sonhos.
O que será que justificaria tamanho empenho de Cristo em nos ensinar acerca da necessidade da união entre nós? Ele certamente vislumbrava o quanto seria difícil para nós mantermos o foco da nossa vida espiritual, continuando conectados com Ele e comprometidos com a realização da sua obra. O Mestre, então, nos faz o chamado para a vida em união, pois Ele mesmo nos alerta que “todo reino dividido contra si mesmo será assolado” (Lc 11.17), ou seja, divididos e isolados não chegaríamos a lugar algum, mas unidos “seremos mais do que vencedores” (Rm 8.37), pois “o cordão de três dobras dificilmente se romperá” (Ec 4.12). Assim, conscientes de que a comunhão é uma das bases para o crescimento da igreja, vivamos a comunhão ensinada por Cristo, pois sua mensagem final através do “Ide” e “pregai” é a de que, a despeito de todos os obstáculos, JUNTOS IREMOS MAIS LONGE.
Pr. Mateus Jucar – Secretário Administrativo da Semadema