Na parábola do bom samaritano, registrada em Lucas 10.30-35, podemos depreender, pelo menos, quatro tipos de envolvimento do crente ou de uma igreja local com a obra missionária. Vejamos: O Senhor Jesus cita na parábola, a princípio, dois importantes representantes da Lei de Moisés – os sacerdotes e os levitas – que deveriam ser exemplos ao povo no amor e na misericórdia, mas que, diante de um homem prostrado no chão, ferido e quase morto após ter caído nas mãos dos salteadores, fizeram pouco caso do mesmo, passando de largo. Se eles sabiam que aquele homem estava ferido e quase morto à beira do caminho e que estava precisando de socorro urgente, e que a Lei de Deus os mandava socorrê-lo, por que, então, não o fizeram? Porque eles representam o primeiro nível de envolvimento que um crente ou uma igreja local pode decidir ter para com as almas que perecem: O envolvimento intelectual. Este tipo de “envolvimento” ocorre quando nos conformamos em apenas saber o que precisamos fazer, em conhecer as necessidades das almas perdidas e em adquirir conhecimento profundo em cursos, seminários, simpósios, congressos etc. sobre missões, mas que, na prática, não aplicamos o que aprendemos, vivendo apenas no nível das ideias, do intelecto, do “eu sei”, mas nada ou pouco fazendo com o que aprendemos em favor da obra missionária!
Em segundo lugar, Jesus introduz na cena da parábola outro personagem, com atitudes bem diferentes: “Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão.” (Lucas 10.33). O samaritano toma a atitude de aproximar-se daquele homem ferido e, ao fazer isso, consegue ver, mais de perto, o sofrimento que ele sentia, e, assim, move-se de íntima compaixão por aquela vida. Este é o segundo nível de envolvimento com missões: O envolvimento sentimental. Enquanto que o primeiro é apenas intelectual, impessoal, sem sentimentos, restrito à frieza dos livros, o envolvimento sentimental, por sua vez, nos faz sentir a dor, o sofrimento e as necessidades das almas feridas, bem como dos missionários que estão no campo e que lutam dia e noite para livrar as almas das mãos do diabo. O conhecimento sem o sentimento e sem o envolvimento prático com a causa, torna-se infrutífero. Ora, devemos nos lembrar o que as Escrituras nos recomendam: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus…” (Filipenses 2.5), e que também nos revelam que sentimentos Jesus possuía, e que também devemos ter pelas almas perdidas: “E vendo a multidão teve grande compaixão deles porque andavam desgarrados e errantes como ovelhas que não tem pastor” (Mateus 9.36).
Em terceiro lugar, o samaritano “aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhe azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele” (Lucas 10.34). Observe que o samaritano não ficou somente penalizado e lamentando a sorte do homem ferido, ou seja, ele não ficou limitado às suas emoções, mas entrou em ação no cuidado efetivo do ferido! Se o envolvimento intelectual vazio de sentimento e de compaixão pelas almas é infrutífero, também podemos afirmar que não basta ao crente apenas sentir compaixão pelas almas e chorar em todos os cultos de missões que participa em sua igreja, e ficar por isso mesmo! Ou seja, se este sentimento não resultar em atitudes práticas em favor da obra, torna-se também infrutífero em sim mesmo. O samaritano além de conhecer a necessidade do ferido e de sentir compaixão por ele, também tratou dele, atando-lhe as feridas e aplicando-lhe azeite e vinho, e pondo-o sobre sua cavalgadura o conduziu para um lugar seguro. O azeite e o vinho aqui representam a ação do Espírito Santo sobre as almas feridas, concedendo-lhes alívio às suas dores, restauração de suas vidas e alegria da presença do Senhor. Portanto o terceiro envolvimento com missões é o envolvimento espiritual. Este nível de envolvimento ultrapassa o intelectual e o emocional, e é marcado pelo compromisso espiritual individual e coletivo dos crentes na oração, na consagração e na batalha espiritual em favor das almas perdidas, em favor dos missionários e da obra de missões! Este envolvimento requer que cada crente tenha azeite (unção e poder do Espírito Santo) e vinho (alegria e prazer em se envolver com as almas feridas, buscando socorrê-las), além da disposição de usarem suas próprias “cavalgaduras” em favor da obra, ou seja, de usarem tudo o que possuem em prol da obra de missões.
Em quarto lugar, Jesus destaca que o Samaritano também teve mais um importante envolvimento com aquele homem ferido: O envolvimento financeiro: “E partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar” (Lucas 10.35). Este nível de envolvimento é muito importante para o resgate e o cuidado das almas feridas! Se quisermos ver as almas se rendendo a Cristo Jesus precisamos também nos envolver financeiramente com missões. Este envolvimento requer comprometimento de nosso dinheiro no resgate e no cuidado das almas! Se a obra missionária é a mais importante da Igreja enquanto está na terra, então, demos-lhe o seu devido valor! Chega de contribuir para missões apenas com o troco insignificante que nos sobrou no bolso e que nós mesmos o desprezamos! Chega de dar mais valor às pizzas, refrigerantes, sorvetes e bombons do que à obra de missões! Temos facilidade em assumir um compromisso com uma loja e passar um ano inteiro pagando, através de um carnê, um móvel ou um eletrodoméstico, que após cinco anos poderá não existir mais em nossa casa, mas temos grande dificuldade em assumir o mesmo compromisso com o Senhor e passar, pelo menos, seis meses contribuindo com a obra cujos resultados não duram apenas cinco anos, mas duram para sempre, pois trata-se da salvação eterna das almas! O samaritano da parábola também se envolveu financeiramente com aquela alma ferida!
Portanto, todo crente em Jesus e toda igreja local deve envolver-se com missões. Se estivermos apenas no primeiro nível de envolvimento – o intelectual – sabendo a realidade da obra e o que precisamos fazer, avancemos para o segundo nível – o sentimental – e sintamos compaixão por estas almas ao nos aproximarmos delas, afim de que também nos lancemos na batalha espiritual em favor dos perdidos e nos envolvamos espiritualmente com missões através de nossas orações e consagrações para o resgate efetivo dos perdidos que vem pela ação direta do Espírito Santo através do seu povo! Fazendo assim, estaremos também dispostos a nos envolvermos financeiramente com a manutenção de nossas conquistas missionárias! À semelhança do samaritano desta parábola, também devemos nos envolver completamente e com tudo o que possuímos com a obra missionária! E então,diante de tudo isso, em que nível de envolvimento com a obra missionária você está?
Pr. Rafael Aguiar
Santa Inês, Ma
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