E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo (LC 10.30,32).
A parábola (ou história do bom samaritano) é um dos relatos mais belos da Bíblia Sagrada e é um texto riquíssimo em ensinamentos, dentre os quais podemos destacar que o encontro do doutor da lei com Jesus trouxe à tona um cenário muito comum nos dias de hoje, o de um mundo frio e insensível e de um cenário religioso semelhante.
Vivemos dias em que muitas pessoas estão com seus corações tão frios e insensíveis que, ao modelo do salteador do texto em análise, são capazes de roubar, estuprar, matar, às vezes até com impressionantes requintes de crueldade. Filhos que são capazes de matar os próprios pais, pais que são capazes de matar os próprios filhos; um mundo consumido pelas drogas, onde “o ópio do mundo é o próprio ópio”. Uma geração de pessoas onde sentimentos de rebeldia contra os pais, os líderes, as autoridades e contra o próprio Deus são notórios; uma geração que caminha a passos largos para o reinado do anticristo, onde a rebeldia contra Deus será deliberada, onde a família dentro do seu modelo bíblico cristão é desprezada e combatida, onde se vislumbra diante de nós um cenário de indiferença e insensibilidade, porque as pessoas, acostumadas a lidar com tanta situações de crueldade, de desprezo, parecem, ao modelo de um médico que, acostumado a lidar com ferimentos graves, situações dos mais diversos tipos, traumatismo e óbitos, começa a lidar com isso como se fosse coisa normal, com frieza. Os próprios acontecimentos do nosso tempo têm levado as pessoas a serem insensíveis e frias. E, como se não bastasse este cenário exterior, temos um quadro ainda mais lamentável no contexto interior, onde convivemos com um religiosismo vazio, farisaico, e um crescente nominalismo religioso, onde cresce o número de evangélicos, mas a tão sonhada mudança social não segue no mesmo ritmo; onde muitos “cristãos” estão se comportando de forma semelhante a muitos que, com seus corações endurecidos, têm ignorado o clamor do mundo e, ao modelo do sacerdote e do levita, estão passando de Largo. O cenário atual é tão agravado que muitas vezes nos sentiremos envergonhados se nos ver envolvidos com necessitados, com presos, ou com alguma outra classe de marginalizados.
Outro aspecto deste estado de coisas é que nos costumamos gastar mais com outras coisas do que investir em missões. O homem semimorto à beira do caminho reflete a situação deste mundo, fruto de sua insensibilidade, enquanto que o sacerdote, o levita e o bom samaritano representam as nossas igrejas locais. Qual a nossa atitude diante do clamor do mundo? Vamos continuar passando de Largo, como o sacerdote e o levita, ou vamos agir como o bom samaritano? Esta é a proposta da mobilização Missionária do Maranhão, ouvir o clamor do mundo. Este é também o tema do nosso Congresso Estadual de Missões 2019.
Missões em meio uma geração fria e incessível. Que Deus nos faça viver num mundo de salteadores com coração de bom samaritano. Amém!